terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O Homem do Facão Sangrento - Parte FINAL


 O Homem do Facão Sangrento - Parte FINAL
Assim que Toni chega à sua tapera, liga seu rádio relógio em uma estação suave, prepara uma dose de Martini na mesa da cozinha e bebe tudo em um único gole. Resolve ligar para alguma igreja, alguns centros de rituais sobrenaturais, seitas diversas, entre outras coisas absurdas. Retira o fone do gancho e começa a discar o número da igreja mais próxima, decidido a revelar o caso ao padre Thomas. Esse padre era a pessoa que ele mais poderia confiar, pois foi o padre que o batizou, realizou sua primeira comunhão e o crisma. Será que ele vai acreditar em mim? Pensava Toni. No momento de digitar o ultimo algarismo do seminário onde Thomas mora, um barulho sinistro o assola. Uma explosão pouco sensata vem da sua cozinha, seguido de barulhos de cacos de vidro caindo pelo chão. Toni se assusta ao pensar o que causou este grande estrondo, então corre em direção à sua cozinha para verificar. Na mesma hora fica pálido e ofegante. Os cacos de vidro estavam vertendo sangue. Com as mãos na cabeça Toni resolve sair da casa, mas para sua infelicidade a porta se trancou e o trinco estava com um calor absurdo, fervendo como lavas de um vulcão feroz. Gritou de dor ao queimar a palma da mão e correu em disparada ao seu quarto. Retirou de uma gaveta próxima a sua cama de casal mal arrumada um revólver calibre 32 carregado de balas. Eu te mandarei novamente para o inferno seu miserável. Já sei quem é você! Gritava Toni já com o pressentimento de que fosse Clóvis.
Uma sombra flamejante se projeta em seu quarto. Toni começa a tremer e recuar até a quina das paredes de seu quarto, com a arma apontada para a porta. A primeira coisa a aparecer dentro do quarto de Toni foi o facão. O colossal facão de Clóvis, que reluzia ferozmente a triste e tímida luz do foco do ambiente, balançava para todos os lado. Toni dispara dois tiros no facão, em vão. As balas ricochetearam no artefato de metal e foram em direção opostas, perfurando as frágeis paredes de madeira da tapera. Surpreso com o efeito colateral que ocorreu Toni decide gastar as quatro balas restantes no peito de Clóvis. O ser, que parecia ter adivinhado o pensamento de Toni, da às caras e deixa seu peito bem a mostra, levantando seu único braço para cima. Toni não pensa duas vezes e descarrega tudo no seu peito. Sangue espira pelo chão de cimento rústico e pela cama. Clóvis esboça um sorriso, entretanto desiste da graça e “engatilha” seu facão, jogando sua mão para trás. Com um urro alto, dispara o facão na testa de Toni, que gruda na parede em estado de óbito na mesma hora.
Clóvis se aproxima da vítima, admira todos os por menores da ferida (do rombo?) e retira seu facão do crânio. Em seguida, desaparece do local.
 Demorou três semanas para encontrarem o corpo de Toni apodrecendo naquela casinha de madeira de São Gabriel. O delegado da cidade encontrou todas as fitas, vídeos, jornais, relatórios e demais registros pessoais do rapaz. Estudou tudo detalhadamente, e com medo de ser a próxima vítima do ser sobrenatural, resolve levar tudo para o cemitério e queimar todo o material em cima da cova antiga de Clóvis. Quando chegou ao cemitério municipal de Santa Quitéria o delegado ficou pasmo. Estranhou o curioso fato da cova de Clóvis estar ali há quase meio século, sem que nunca fossem enterradas outras pessoas naquele local. De qualquer modo continua com seu plano. Tenho que eliminar todo esse material, para mim chega dessa palhaçada toda. Quando o delegado acende o seu isqueiro para dar início à queima de todo material de Toni, um braço putrefato com um facão sangrento sai da terra fria e úmida decepando com brutalidade o seu braço. Na seqüência, o delegado é esquartejado. Para encerrar, Clóvis enterra precariamente os pedaços do policial no mesmo local onde foi enterrado a mais de quatro décadas.
No outro dia pela manhã, duas crianças passavam pelo lado externo do cemitério, caminhando em direção a escola. Olhando para os céus as duas garotinhas inocentes não conseguiam compreender o que estava acontecendo naquele local. Um enorme bando de urubus e abutres sobrevoava furiosamente toda a extensão central cemitério da pacata cidade de Januário do Sul.

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